Um delegado e um ex-prefeito do interior do Rio Grande do Norte são investigados por desviar combustível que deveria ser usado em viaturas policiais. O crime ocorreu em 2015, na cidade de Santana do Seridó. À época, o delegado Luiz Antônio da Silva Filho respondia pela Delegacia Regional de Parelhas, e também tinha atuação no município em que aconteceu o desvio, o mesmo de onde Adriano Gomes de Oliveira, conhecido por Dril, era prefeito.
As investigações foram iniciadas por determinação da Delegacia Geral de Polícia Civil, e tiveram condução compartilhada entre a 3ª Delegacia Regional de Caicó e a Delegacia Especializada da Defesa do Patrimônio Público (Dedepp).
A Polícia Civil começou a agir depois de uma denúncia anônima que dava conta de que o delegado Luiz Antônio Filho abastecia seu carro particular com combustível pago por um convênio da Prefeitura de Santana do Seridó com um posto de combustíveis da cidade, firmado através de licitação.
O convênio autorizava o posto de gasolina a abastecer os automóveis do Município, como ônibus, carros das repartições, tratores e quaisquer outros que fossem de propriedade da Prefeitura.
Segundo a delegada que apurou o caso, Karla Viviane, da Delegacia Especializada da Defesa do Patrimônio Público, um acordo realizado sem formalização legal entre o então prefeito, Adriano Gomes de Oliveira, e o delegado Luiz Antônio permitiu, a título de auxílio, que as viaturas policiais pudessem ser abastecidas no mesmo estabelecimento, sob custos da Prefeitura de Santana do Seridó. O fornecimento da gasolina era autorizado somente para as viaturas das polícias Civil e Militar. “Isso ficou bem claro nas investigações”, enfatiza a delegada.
Ocorre que, ainda de acordo com a delegada Karla Viviane, os combustíveis estavam sendo desviados para fins particulares. Luiz Antônio Filho estaria abastecendo o seu veículo no local. “Ele recebia todas as notas para autorização de combustível”, acrescenta.
Segundo Karla Viviane, o delegado Luiz Antônio Filho já foi, inclusive, indiciado por peculato. “Vamos informar à corregedoria, que deve tomar as medidas cabíveis”, complementou a delegada. Atualmente ele comanda a Delegacia de Caraúbas.
A delegada diz que o nome do ex-prefeito Adriano Dril apareceu durante as investigações que apuravam a conduta do delegado. “Quando ouvimos as testemunhas, elas disseram que o ex-prefeito também abastecia o seu veículo particular nas mesmas condições”, conta.
A partir daí, notou-se a necessidade de abertura de um outro inquérito, que apure exclusivamente o beneficiamento de Adriano Gomes, Dril, no suposto esquema. “Já estamos iniciando esse inquérito”, afirma Viviane.
O G1 procurou a Delegacia-Geral de Polícia Civil, para saber quais providências serão adotadas em relação ao delegado investigado. O delegado-geral, Correia Júnior, informou que somente após ser oficiado vai se posicionar sobre o caso.
G1